ESTUDO 17 – NORMAS CRISTÃS PARA EMPREGADOS E PATRÕES
Ef 6:5-9
Ainda hoje encontramos vez por outra nos meios de comunicação denúncias de “trabalho escravo” acontecendo no nosso país, não obstante estarmos em pleno século XXI. O texto bíblico trata de “escravos” e “senhores” – hoje em dia temos os assalariados, os autônomos e os patrões. A escravidão fez parte da rotina da humanidade durante milênios, sendo que em nosso país ela foi oficialmente abolida no final do século XIX.
Em Israel, especialmente, a Lei instituía normas acerca das relações entre servos e senhores – uma das maneiras de tornar-se servo era por causa de dívidas. O credor tinha o direito de apropriar-se dos bens do seu devedor e por vezes de vender sua família.[1] Lembre-se de que todo o povo de Israel foi escravo durante cerca de 400 anos no Egito.
Entendemos que o texto bíblico que agora estudamos contém normas que devem ser aplicadas ao nosso contexto, nas relações trabalhistas:
a) Trabalhar é necessário e honroso. O próprio Criador instituiu que Adão ganharia seu sustento com o trabalho (Gn 3:19). O profeta Isaías descreve o Senhor como alguém que trabalha em favor daqueles que nele esperam! (Is 64:4). Sobre a necessidade de trabalhar e ganhar o sustento dignamente, temos instruções muito preciosas na segunda Epístola aos Tessalonicenses (IITs 3:6,10-11).
b) Deus não faz acepção de pessoas – patrões e empregados darão contas igualmente a Ele!: uma vez que vocês sabem que o Senhor deles e de vocês está nos céus, e ele não faz diferença entre as pessoas (Ef 6:9b). Assim, Deus requer de todo assalariado o bom testemunho de Sua Palavra e de todo patrão, a mesma conduta compatível com a fé em Jesus.
c) Reconheça que você trabalha para Jesus! (v. 5): Este é o mandamento de Paulo, que cada trabalhador crente comporte-se como alguém que presta contas ao próprio Senhor e não simplesmente ao patrão. Este princípio é reforçado em Cl 3:23, onde o mesmo apóstolo recomenda: Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens. Houve um escravo, Onésimo, que enquanto não era cristão, fugiu de Filemon, um cristão ligado a Paulo. Aconteceu que este escravo conheceu ao Evangelho através do apóstolo Paulo e se converteu numa prisão. A carta de Paulo a Filemon teve o propósito de recomendar o escravo de volta ao seu patrão, mas agora como irmão em Cristo (Fm 10). Mais ainda, Paulo requereu o novo discípulo para auxilia-lo em seu ministério.
d) Seu testemunho soa mais alto que suas palavras! Nossas atitudes falam mais que nossas palavras. Por isso o apóstolo recomendou obediência, respeito, sinceridade, fidelidade e honestidade no trato dos empregados crentes com os patrões (vs. 5 a 8). e) As recomendações aos patrões crentes – Tais recomendações estão no verso 9, onde o apóstolo cobra a mesma correção exigida por parte dos servos. Vocês, senhores, tratem seus escravos da mesma forma, ou seja: com respeito, sinceridade, fidelidade, honestidade... Em nenhum lugar a Bíblia justifica qualquer tipo de crueldade ou injustiça. Muito pelo contrário. Dentro da recomendação aos patrões, Paulo advertiu: Não ameacem. O argumento de Paulo é que diante de Deus todos somos iguais e servos, pois Ele é o Senhor. No texto paralelo, em Cl, Paulo adverte que toda injustiça será punida pelo Senhor, sem exceção (Cl 3:25).
Conclua este estudo com uma oração pela vida profissional de cada um dos discípulos. Leve-os a se comprometerem com o Senhor de darem bom testemunho dEle, especialmente no trabalho. Louve a Deus porque Ele trabalha em nosso favor. Este é um excelente momento para uma ministração na área financeira e profissional dos discípulos. Vale orar pelos patrões, pelos profissionais liberais, pelos que ainda não ingressaram no mercado de trabalho, pelos desempregados.
[1] Em Mt 18:25, na Parábola do Credor Incompassivo, temos um exemplo de como isto poderia funcionar na sociedade judaica do Novo Testamento. Um israelita somente poderia ser escravo de outro israelita por conta de dívida. Porém, o Senhor instituiu que a cada sete anos haveria um cancelamento das dívidas e a libertação dos escravos (vide Dt 15:1-18).
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